O militar suspeito de atirar em um jovem durante a 15ª Parada Gay do Rio, realizada na zona sul carioca em novembro do ano passado, foi preso na noite desta quinta-feira (28).
Ivanildo Ulisses Gervásio teve a prisão preventiva decretada pela Justiça do Rio na última segunda-feira (25). Foi denunciado por tentativa de homicídio duplamente qualificado. O jovem foi baleado na barriga.
Homofobia
Na ocasião do fato, o jovem e outros dois outros rapazes estavam nas pedras do Arpoador, próximo ao Forte de Copacabana, área militar. Eles teriam sido abordados por homens uniformizados como agentes do Exército, segundo a polícia. Um dos supostos soldados teria disparado e atingido o rapaz.
Na ocasião, a família do jovem acusa um militar do Exército de discriminação, agressão e de ter feito o disparo. Segundo declarações da mãe do rapaz na época, os amigos foram para o Arpoador depois do evento e estavam conversando no local. Alguns estavam namorando, daí a desconfiança de motivação homofóbica do crime.
De acordo com ela, o filho contou que o suposto militar os agrediu verbal e fisicamente antes de disparar. "Eles sofreram tortura psicológica e foram agredidos. Foram abordados por preconceito. Não estavam em área militar", disse a mãe.
Comemoração
Em nota, a Superintendência de Direitos Individuais Coletivos e Difusos da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos informou que está festejando a decisão judicial de solicitar a prisão preventiva e o julgamento em Justiça comum e não militar do integrante do Exército.
No comunicado, o órgão informou recebeu a decisão da justiça com muita alegria e o sentimento de que "estamos conquistando mais um degrau importante na luta contra a violência direcionada às lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais".
De acordo com a Superintendência, a sociedade e a gestão pública possuem o dever de combater a homofobia e impedir que a impunidade se instale e vire algo natural.
"O caso de Douglas Marques serve como um exemplo na luta contra a impunidade em casos de homofobia. No final, esperamos que a justiça "faça justiça" e prossiga com esta postura em casos semelhantes, que ainda assolam a sociedade brasileira", diz a nota.
Procurado para entrevista Douglas disse: ‘Fiquei feliz com a notícia, mas também com muito medo. Deixei minha casa para fugir de tudo e tentar esquecer o que aconteceu. A notícia de hoje me fez lembrar de tudo. Será que ele vai querer se vingar?’ - questionou o rapaz, exibindo a cicatriz do tiro que levou na barriga.
Douglas contou também que após ser baleado ainda foi agredido pelo militar. ‘Ele me levantou pelo colarinho e me chutou. Fui socorrido por amigos que estavam na mesma praça’ contou o rapaz, que foi atendido e operado no Hospital Miguel Couto.
Segundo a polícia, o militar que fez o disparo alegou que manuseava a arma apenas para intimidar o jovem. O sargento foi indiciado por tentativa de homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e sem possibilidade de defesa da vítima, com dolo eventual.
Fontes: Último Segundo e O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário